Bonecas e carrinhos, futebol e casinha.
Tudo tão duramente imposto. Quando uma grávida descobre que vai ter uma menina, instintivamente planeja toda a decoração rosa ou tons mais clarinhos, mais "femininos".
Porém, quem disse que rosa é para garotos ou azul para meninos?
Primeiro aniversário do garoto... Tema da festa? Furebol, ou carrinhos de corrida...
Primeiro livro de histórinhas das crianças? Sempre com princesas absurdamente lindas, e príncipes fortes, altos e que andam perfeitamente a cavalo e são exímios espadachins.
Tantos modelos pré-fabricados.
E se nem todas as princesas casassem com os príncipes?
Se nem todos os príncipes fossem lindos e fortes, brancos de olhos claros?
E se nem todo sapo fosse feio e necessitasse de transformação?
Como seria a sociedade? Teríamos outros tipos de preconceitos? Seriamos menos imbecis ao lidar com o que nos é diferente?
Creio que os valores que servem de base para muitas culturas são pontos de vistas de oturos, que viveram antes de nós, e que nos legaram tal modo de lidar com a vida de forma muito determinista, e nós, por comodismo ou por concordância, acabamos aceitando esse legado sem questionamentos. Quando nos deparamos com pessoas que, de algum modo, quebraram esses paradigmas e tentam construir valores que se adequem as suas crenças e forma de ver o mundo, acabamos por rotulá-los preconceituosamente. Não sabemos coexistir com o diferente. Não sabemos enfrentar de cara o que não nos é comum.
E se numa dessas historinhas da carochinha encontrássemos dois príncipes perdidamente apaixonados? Ou ainda, se encontrássemos uma princesa, que fosse feliz, e gorda? Ou pior, se eoncontrássemos uma princesa e um príncipe que fossem gordos, negros e sem grandes atrativos físicos...? Será que deixaríamos nossos filhos desfrutarem de uma leitura assim? Será que aceitaríamos de bom grado que nas escolas ministrassem literatura (infantil) utilizando tais livros?
A hipocrisia assola a humanidade. Esquecemos de ser humanos para sermos julgadores dos nossos próprios semelhantes. Deixamos de lado o principio básico do "amai ao próximo, como a si mesmo" e partimos para o "cada um por si". E para que tudo isso? Ver filhos sendo expulsos de casa pelos pais, apenas por terem uma convicção sexual diferente daquela que nos é imposta ao nascermos? Ver adolescentes cometendo suicídio por não se adequarem aos padrões exigentes da moda? Ver pessoas negras assassinadas apenas por terem mais melanina no sangue?
Queremos a paz no mundo e nos esquecemos de que as primeiras mudanças devem ocorrer no nosso próprio espaço, no nosso dia-a-dia. Nas escolas, creches, nos bairros, universidades... E, principalmente, dentro da nossa própria casa.
/viva as diferenças!
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